15 October, 2010

"Mitos sobre economia" ou "Mentiras do seu professor de geografia"

Desde que comecei a estudar, nas minhas horas vagas, macro economia, me deparei com conceitos e idéias que contrariavam tudo o que o haviam me ensinado até então. Desde meus professores de geografia, ensinando o que eles chamavam de "geopolítica" até propagandas políticas que aparecem na TV durante as eleições (como agora). Para os eventuais leitores desse patético Blog, nos próximos posts vou compilar uma modesta lista das idéias mais contra-intuitivas nas quais me deparei.

1) Tarifas alfandegárias não mudam a balança comercial.

O mito

Imagine que você é o líder supremo da república das bananas e todos os anos se depara com um dado incontestável: Seu país importa mais do que exporta. Na tentativa de reverter essa situação você tem uma idéia brilhante: cobrar impostos dos produtos estrangeiros. Além de aumentar o dinheiro nas mãos dos cofres públicos (bancando assim o seu sistema de governo ditatorial que não respeita os direitos humanos) essa medida vai encarecer os produtos estrangeiros, fazendo com que os consumidores do seu país prefiram comprar mercadorias locais: problema resolvido.

A verdade

Não iria funcionar. Eu poderia citar aqui vários artigos acadêmicos com um monte de matemática pesada, gráficos e fits lineares, mas eu vou me ater à simples lógica e ao senso comum.
Imagine-se comprando um iPhone importado na loja da Apple mais próxima. Tenho certeza que, sendo brasileiro, você pagaria em reais. Esse dinheiro que você pagou não tem utilidade nenhuma para a Apple a não ser para comprar produtos brasileiros ou para investimento em terras tupiniquins.
Essa é a grande sacada. Todo dinheiro arrecadado pelos estrangeiros no nosso país tem que ser gasto aqui, pelo simples motivo de que nosso dinheiro não tem valor em nenhum outro lugar. Assim, uma diminuição nas importações, através de tarifas alfandegárias também diminui a quantidade de dinheiro nacional nas mãos de estrangeiros, diminuindo as exportações e mantendo a balança comercial na mesma posição.
Então como é possível uma balança comercial diferente de zero? É aí que entra a idéia de investimentos. Um país que exporta mais do que importa mostra que os estrangeiros estão usando seu dinheiro não para consumir bens do país em questão, mas para investir nele. Uma balança comercial "desfavorável" significa na verdade uma alta taxa de investimento estrangeiro, o que pode ser bom ou ruim, dependendo da situação.
Por outro lado, uma balança comercial "favorável" significa que os habitantes da sua república das bananas acha que investir no exterior é uma boa idéia. De novo, isso pode ser bom ou ruim.
Excetuando-se casos em que os governantes não sabem o que estão fazendo (caso do Brasil) os países em desenvolvimento em geral tem uma balança comercial "desfavorável" exatamente por causa do alto nível de investimento estrangeiro. Aqui sim incentivos fiscais podem fazer diferença, como fazem no Brasil, afastando capital estrangeiro.

As conseqüências

Se as pessoas soubessem disso, a Alca teria sido aprovada, o Mercosul seria mais forte e o mercado mundial em geral mais aberto e mais produtivo.


3 comments:

Emi said...

Você aumentou o tamanho da fonte...
Já teci meus comentários, mas vou comentar aqui também pra você não ficar desmotivado como é o caso do Twitter. Muito interessante. Muito. Por que ninguém explicou esse fluxo de dinheiro no mundo? Por que ninguém explica que se a gente não importar e colocar reais nos outros países, ninguém vai investir aqui? Hãn? Hãn? Espalhe esse blog pela web agora!

Lucas said...

Aumentei a fonte pra parecer que minhas idéias são maiores do que são.
E quanto ao "não importar = não investir" você tem que mudar pra "não importar = não ter estrangeiros investindo". Investimento não precisa ser estrangeiro.

Murilo Munoz said...

Então qual a propalada desvantagem de importar produtos estrangeiros mais baratos ao invés de comprar produtos nacionais similares porém mais caros?